por Leonardo Akira
Nos dias 29 e 30 de março, Frei Xavier Plassat, assessor da Comissão Pastoral da Terra (T) no Tocantins esteve em nossa paróquia realizando uma palestra sobre a Campanha da Fraternidade deste ano que discute o tráfico humano.
No começo de sua fala, Xavier, retomou um grande acontecimento da nossa história. O golpe militar, a ditadura brasileira, como os dominicanos participaram dos fatos, e sobre um jovem, Frei Tito de Alencar, que foi exilado na França, e como foi a amizade entre eles.
Frei Xavier chegou ao Brasil inicialmente para fazer o translado do corpo de Frei Tito, mas no Brasil, junto com Dom Tomás Balduíno,OP, conheceu a T e abraçou a missão de trabalhar com posseiros injustiçados, sem terras e outros movimentos sociais. Segundo Xavier, a vida e o martírio de Tito o impulsionam cada vez mais para realizar este trabalho.
Na T, em 2007, iniciaram uma campanha contra o trabalho escravo, e hoje a Igreja no Brasil nos faz refletir a sociedade em que estamos inseridos. Infelizmente a dignidade humana é esquecida em pró de um capitalismo selvagem que cada dia que a aumenta mais a desigualdade social.
O tráfico humano sempre esteve presente na nossa história. Desde o tempo de nossa colonização a escravidão é uma ferida que até hoje deixa marcas em nossa sociedade. Maus exemplos recentes como do jogador Tinga, alvo de racismo no futebol.
Às vezes pensamos que trabalho escravo e tráfico humano estão distante de nós, que existem somente na região Norte ou Centro-Oeste, mas infelizmente não é verdade, a escravidão moderna está inserida em todas as regiões do país.
E nós jovens, dominicanos, cristãos, não podemos fechar os olhos perante essa triste realidade. Como o pessoal do MJD São Paulo realizou o Facebook Bombing, também devemos estar atentos para as demandas de trabalho que nos rodeiam.
Hoje a escravidão é diferente daquela de antigamente, dificilmente vamos ver alguém amarrado no pelourinho sendo chibatado, mas existem promessas enganosas, condições degradantes, trabalho forçado e jornada exaustiva.
As falas de Frei Xavier nos impulsionou para um inquietação e indignação perante as tristes realidade, e após a palestra de sábado, de uma maneira muito fraterna, o frade francês, convidou o nosso grupo para entrarmos no convento e assistirmos o documentário Linha Direta sobre Frei Tito.
Novamente, Frei Xavier partilhou sua amizade com Tito, ressaltou a importância de fazermos memória e, emocionado, pediu para continuarmos dando voz ao martírio de Frei Tito.
Também partilhou a vida de dois frades ses que juntos fizeram e fazem um belo trabalho na T, Frei Jean Raguénès e Frei Henri Burin des Rozier. E a luta e voz que dão àqueles que, injustiçados por poderosos, sozinhos não conseguem mais ter voz.
No domingo retomamos os trabalhos, e as inquietações continuaram, trabalhamos as diversas formas de tráfico humano, e o dever de ficarmos de olhos abertos, para vigiar, acolher e atender àqueles que sofrem; organizar e mobilizar para atacarmos as raízes e gerarmos mudanças reais. Também em nossas ações diárias estarmos atentos às atividades de prevenção, informações e formações para juntos dos órgãos competentes denunciarmos e mobilizarmos a sociedade.
Pois, como Frei Xavier disse, não são só os frades que pregam nas homilias dominicais, mas também a sociedade com sua vida e exemplos no dia a dia.
Abraços Fraternos